O atemporal que regia a cosmovisão Medieval foi superada pela lógica moderna, ainda hoje hegemônica, segundo Bonilla. Na noção de tempo da modernidade as formas de pensamento e de conceitualização relacionam-se à linguagem e à tecnologia escrita, por meio da qual se pode construir as verdades absolutas e universais. Nessa perspectiva nasce a ciência moderna pautada na razão, na ordem, na técnica. “ a norma para o conhecimento nesse contexto é a verdade, a crítica objetiva, independente dos sujeitos que a comunicam. O saber, assim tem caráter instrumental é por meio dele que o homem manipula e domina o mundo. O universo dessa forma é visto como um mecanismo, e comparado a uma máquina . O tempo (presente, passado e futuro) não se distingue. A religião e a filosofia cede espaço para a ciência e a tecnologia. Essa é a lógica mecanicista. A partir dela podemos compreender o universo simplificando, decompondo e demonstrando o todo a partir de suas partes.
Vivenciamos hoje uma crise que põem em cheque esse paradigma, e essa crise foi proporcionada tanto pela percepção de que a ciência tanto pode ser utilizada para bem como para o mal, quanto pelos avanços advindos da física quântica. A visão contemporânea de ciência vem demonstrar que nenhum sistema pode ser observado como completo e autodeterminado. A complexidade que admite a incompletude e a incerteza passa a ser uma possibilidade de se compreeder o universo que nos cerca. Assim, supera-se os dualismos verdade/falsidade, identidade/contradição. Outra possibilidade de entender a ciência hoje é a teoria sistêmica, defendida por Fritjof Capra em Ponto de Mutação. Sistema pode ser definido como um conjunto de elementos interdependentes que interagem com objetivos comuns formando um todo, e onde cada um dos elementos componentes comporta-se, por sua vez, como um sistema cujo resultado é maior do que o resultado que as unidades poderiam ter se funcionassem independentemente. Qualquer conjunto de partes unidas entre si pode ser considerado um sistema, desde que as relações entre as partes e o comportamento do todo sejam o foco de atenção (ALVAREZ, 1990, p. 17).
À escola dessa forma, compete superar a visão moderna de conhecimento e apropriar-se de uma nova dinâmica na qual os processos e não os produtos finais sejam considerados, onde os educandos possam compreender a relação entre objetos estudados e outros fenômenos. Onde o educando seja percebido como também produtor de conhecimentos, onde as tecnologias sejam, segundo Bonilla, possibilidades de criação, de pesquisa, de cultura e de re-invenção e por meio delas seja possível “dizer, entender, intencionar o que se faz”.
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